Pandorga: uma referência inspiradora em colaboração

Você sabe de quem você compra? Conhece as histórias dos produtos que consome? Então, propomos um desafio. Pense na roupa que está vestindo, no sapato que está usando, na mochila que carrega suas coisas ou até mesmo no quadro que enfeita a parede de sua casa. Não queremos saber se é bonito, caro ou usual. Queremos saber se você conhece a sua origem. Se tem ideia de quem concebeu esses itens e por quais mãos ele passou até chegar à sua vida. Não? Mais ou menos? Então, vamos refletir a respeito?

Pandorga: um estímulo a novos hábitos de consumo e produção

O cenário econômico atual passa por um momento peculiar, o que modifica tanto os métodos de produção de empresas quanto o consumo por parte dos consumidores. É nesse contexto que modelos alternativos como o da economia colaborativa ganham força, principalmente motivados pela redução de gastos, pelo reaproveitamento de recursos e pela união em prol de causas similares. Imagine que uma costureira descarta mensalmente alguns quilos de tecido que acabam sobrando de seu trabalho. O quão benéfico seria se esses materiais pudessem chegar até um micro produtor que os transforma em bolsas e sapatos?
 
Sobre a cabeça dos pequenos empreendedores plana um projeto inovador que pretende justamente criar esses elos e, por meio da colaboração, gerar força de venda. Voando pelo céus desde 2010, está a Pandorga, uma loja nascida para apresentar o trabalho autoral de diferentes criadores. Baseada principalmente na coletividade, a iniciativa procura criar pontos de interação entre pessoas. Pretende promover transformações nas áreas de moda, design, beleza e outras, com itens de todo o país, cuidadosamente selecionados.
 

Em prol dos novos criadores

Com um modelo de negócio focado em novos criadores, a Pandorga busca reunir ideias de diferentes segmentos, com um objetivo em comum: unir para transformar. Segundo o fundador da loja Vinicius Andrade, a principal dificuldade enfrentada por micro e pequenos empreendedores é a exposição de mercado, já que o grande varejo geralmente não está preparado para recebê-los. “A Pandorga surgiu de uma necessidade própria. O mercado tradicional apresentava uma série de empecilhos, o que dificultava mostrar o conceito da marca que havíamos fundado. Para eliminar esse problema, decidimos montar uma loja própria, que resolveria nossas questões de varejo, e decidimos compartilhar isso com outros produtores”, conta.
 
Segundo Vinicius, existem poucos comércios disponíveis para vender produções de novos criadores, pois, além da exigência de largas escalas de produção, a maioria dos grandes comércios não possui a vertente de explorar a história e o posicionamento de produtos – o que é fundamental para que a venda aconteça.
 
Os espaços para que criadores independentes exponham seus produtos se materializam atualmente nas duas lojas físicas da Pandorga, nos bairros Rio Branco e Três Figueiras, ambos em Porto Alegre (RS). Apesar de boa parte da comunicação do projeto se dar em meios virtuais (site e redes sociais), é o ambiente real que permite uma boa aproximação entre os produtos e os consumidores. Por se tratarem, em sua maioria, de produções exclusivas, é fundamental que o interessado possa tocar, sentir, experimentar e trocar uma ideia sobre os itens, além, claro, de ter uma noção do todo e poder vislumbrar diferentes histórias.
 

As belezuras que ganhamos da Wikihaus já estão ambientando nosso espaço masculino. #vidacriativa

Uma foto publicada por @pandorga 🔲 #lojapandorga (@pandorga) em

Um céu repleto de histórias para contar

Aliás, são as histórias os ventos que impulsionam a Pandorga. A loja não enxerga os novos criadores como fornecedores e, sim, como clientes. Logo, a seleção de produtos necessita considerar alguns critérios básicos, como a qualidade, design, inovação, criatividade e capacidade produtiva, de entrega de itens. Como um produto pode contribuir para a vida das pessoas? Qual é a sua intenção? O que está por trás do objeto? Todas essas informações são fundamentais e determinam quais mercadorias vão compor as prateleiras.
 
Ao integrar a Pandorga, o criador, além de expor sua arte para o mundo, passa a fazer parte de uma grande rede de colaboração. É de praxe que os produtores troquem experiências entre si, se auxiliando para um desenvolvimento conjunto. “Quando uma marca divulga a Pandorga como ponto de venda também acaba ajudando as outras marcas que estão lá a vender seus produtos. Fazemos muito trabalho de conexão e apresentação entre os criadores para que eles ajudem no desenvolvimento mútuo. Por exemplo, temos uma marca de gravatas e uma marca que produz roupa masculina. Nosso objetivo é conectá-las para que possam desenvolver uma coleção em parceria e gerar negócios para ambos os lados”, comenta Vinícius.
 
E não são somente os Pandorgas os beneficiados com a produção de itens. A contribuição social das marcas também é algo bastante considerado. Como uma boa referência, destaca-se a Aurora Moda Gentil, uma marca de roupas com produção totalmente artesanal. Todo o trabalho, que prioriza a lã de ovelha e materiais reciclados, é realizado por tricoteiras da cidade de Dom Pedrito no interior do Rio Grande do Sul. Além de fornecerem a mão de obra para as peças em tricô, recebem apoio e assistência social com uma remuneração justa.
 

Aurora Moda Gentil

Aurora Moda Gentil. Imagem via Pandorga

 

Sustentabilidade dos pés à cabeça

E falando em materiais reaproveitáveis, como bem aponta o fundador da Pandorga, a sustentabilidade é uma crescente incontestável nos dias de dia. E sobre a relação da loja com iniciativas sustentáveis, Vinicius destaca: “O consumidor está se preocupando com o desenvolvimento de produtos, procuramos abrigar o máximo possível de marcas que tenham essa vertente e fazer tudo isso se desenvolver”.
 
Entre mais de 70 marcas incubadas pela Pandorga, uma boa parte reserva uma preocupação especial com a sustentabilidade. É o caso da Elef Shoes, marca de calçados artesanais feitos 100% com materiais reaproveitados. Produzidos com resíduos de borracha e com couro ecológico, menos poluente, todos os pares de sapatos vendidos viram uma árvore plantada. E, não só nos pés pode estar a salvação do planeta, ela também pode estar pendurada no pescoço ou entre os dedos. Os acessórios criados pela Da Tribu também são excelentes exemplos de como o reaproveitamento de materiais com longos períodos de decomposição podem gerar não só belos colares e anéis, mas também integrar famílias (a marca foi criada por mãe e filhas) e realçar a brasilidade considerando a natureza como inspiração.
 

Elef Shoes

Elef Shoes Imagem via Site Oficial

 

Quando pensamos em sustentabilidade é inevitável não considerarmos um material com alta demanda de reciclagem: o papelão. Pensando em dar uma nova funcionalidade à papeis descartados, a Eu Amo Papelão desenvolve brinquedos e móveis com o material.

 

Eu amo papelão

Eu amo papelão. Imagem via Pandorga

 

Na parte de vestuário, são diversos projetos que também se baseiam em ideias sustentáveis e estimulam a reflexão sobre a compra desenfreada de roupas. Um exemplo é a Envido, uma marca focada em uma produção mais sustentável através da inclusão social e da utilização de tecidos ecológicos.

 

Barbante: para empinar a Pandorga

Com o intuito de fortalecer o ecossistema criativo, a Pandorga lançou em 2015 o Barbante, um projeto em parceria com a Radar Consultoria. A ideia era transcender o virtual e promover uma série de atividades presenciais que promovem discussões sobre a indústria criativa iniciando pelo contexto local.
 
“Lançamos o Barbante pois sentimos no mercado uma carência muito grande de desenvolvimento e interconexão. O Rio Grande do Sul, especialmente, é muito fechado com relação às conexões entre as pessoas e empresas. Muitas vezes, um está ao lado do outro, realizando atividades complementares, e não se conhecem”, conta Vinicius. Através de ações de ensino, eventos e bate-papos, o projeto incentiva o networking e o desenvolvimento de ideias inovadoras. Um exemplo é o Acelerador de Marcas Criativas, um movimento que oferece acompanhamento de branding, produto e posicionamento de mercado para novas marcas.
 
Você pode conferir essa e outras ações do Barbante no site do projeto.
 
Já conhece a Pandorga? Ficou com vontade de conhecer? Então saiba como conferir todos os produtos e todas as histórias:
 
Pandorga Miguel
Rua Miguel Tostes, 897
Bairro Rio Branco, Porto Alegre / RS
De segunda a sábado das 10h às 20h
 
Pandorga Ling
Rua João Caetano, 440
Bairro Três Figueiras, Porto Alegre / RS
De segunda a sexta das 10h às 22h
Sábado das 11h às 21h
Domingo e feriados das 11h às 20h
 
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