Você consegue imaginar um mundo onde todo onde não exista lixo? Onde tudo o que deveria ser descartado é reaproveitado, onde materiais são projetados para recuperação e onde todo o consumo é refletido e focado na sustentabilidade? Parece muito improvável para nossa realidade atual? Pois saiba que tais práticas estão sendo cada vez mais consideradas e que o conceito de Lixo Zero já vem impactando a indústria, o comércio, o governo e, claro, a sociedade.
É tudo uma questão de gestão, em que consideramos desde a ponta de produção e design de produtos e serviços, passando pela comercialização e consumo consciente desses, até ao viés da reciclagem, reaproveitamento e impacto ambiental. Não, não é uma tarefa fácil, mas também não é impossível! Nesse artigo, vamos falar um pouco sobre a teoria, as possibilidades que se apresentam e, principalmente, os bons exemplos. Abra sua mente, repense seus costumes e embarque conosco em uma jornada inspiradora. 🌱
Ainda que os esforços em torno da reciclagem de lixo tenham ganhado grande destaque nas últimas décadas, podemos dizer que, na prática, a iniciativa ainda está bem longe de alcançar resultados significativos – pelo menos no cenário brasileiro. Nosso país produz cerca de 80 milhões de toneladas de rejeitos todos os anos e reaproveita apenas 3% do total. São aproximadamente R$120 bilhões anuais perdidos em produtos que poderiam ser reciclados.
Se formos analisar historicamente, a reciclagem não é um processo tão recente. Teve seu apogeu a partir da Grande Depressão, em 1929, e persistiu até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. E tudo era uma questão de necessidade, não de consciência! Com o passar dos anos e com a recuperação da economia, a produção de lixo só aumentou. Foi a partir dos anos 1970 que iniciativas de mobilização pelo meio ambiente passaram a ganhar força e reiterar novamente a ideia da reciclagem.
É também nos anos 1970 que o termo Waste Zero adentra como uma possibilidade que vai além do reaproveitamento. A Zero Waste Systems Inc. (ZWS), uma empresa farmacêutica da Califórnia (EUA), é uma das pioneiras no processo e passa a repensar sua produção e descarte de produtos. Dela se origina um dos principais órgãos mundiais voltados à iniciativa do Lixo Zero, a Zero Waste Institute (ZWI). A proposta da instituição não é propriamente criar mecanismos de reciclagem, mas focar no momento inicial de produção, redesenhando processos industriais e comerciais que visam vendas e usos sem descarte e sem resíduos.
Junto da ZWI, a Zero Waste International Alliance (ZWIA) também vem conquistando diversos países ao redor do mundo em prol da conscientização e mudança de hábitos. No Brasil, a representação é feita por meio do Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB), um órgão focado em articular, mobilizar e provocar novas atitudes nas comunidades nacionais e internacionais promovendo a prática do Lixo Zero.
No base do conceito Lixo Zero está a eliminação de resíduos. Seu objetivo principal é promover a produção limpa, prevenir a poluição e criar comunidades nas quais todos os produtos são projetados para serem encaminhados com segurança para a economia ou o meio ambiente. Para facilitar ainda mais o entendimento da teoria, podemos dizer o Zero Waste está baseado em cinco grandes R’s, que representam ações necessárias para alcançar as intenções do conceito.
Tudo começa na redução. Reduzir o consumo, adquirir produtos com mais qualidade e durabilidade é fundamental. Algumas práticas interessantes de redução são: comprar alimentos a granel, utilizar recipientes próprios para se alimentar ou guardar alimentos, não desperdiçar comida, além de utilizar opções artesanais de produtos de limpeza, higiene e cosméticos.
Dar uma nova vida para materiais já utilizados também é uma excelente ação. Doar roupas que não usa mais, consertar o que estiver estragado, reaproveitar plásticos, papéis, vidros, madeiras, entre outros é bastante inteligente. Há diversos tutoriais disponíveis na internet para se inspirar e reutilizar produtos.
Nesse quesito, é preciso considerar uma ação básica, que pode ser feita por todos: a separação do lixo. Realizar a coleta seletiva dentro de casa é fundamental para alcançarmos os tão sonhados índices de sustentabilidade. Só a partir da separação de vidros, plásticos, metais, papéis e lixo orgânico é possível realizar a reciclagem.
Dizer “não” também faz parte desse processo. Recuse produtos que venham em embalagens de plástico. Ao ir às compras, prefira utilizar ecobags ou sacolas biodegradáveis. Evite comprar produtos dos quais não se conhece a procedência. Prestar atenção no que se compra também contribui (e muito!) para práticas sustentáveis.
Antes de sair comprando tudo que tiver vontade, pare e pense: é realmente necessário para você? Evitar compras por impulso é uma excelente forma de contribuir para o meio ambiente. Nem sempre o que você quer é o que realmente precisa. Por isso, avalie os possíveis danos que sua compra pode ocasionar na natureza.
Sim, a teoria pode ensinar, mas só a prática para realmente inspirar boas ações. Se ainda parece muito improvável manter essas cinco ações sustentáveis, vamos apresentar alguns bons exemplos fascinantes.
Você sabia que o distrito de cidade japonesa de Kamikatsu, em Tokushima, recicla 90% do lixo que produz? Os outros 10% são encaminhados para lixões. Apesar do cenário já parecer incrível, a ideia é que, até 2020, o distrito alcance a produção zero de resíduos. O desafio é acabar com todo o montante que é incinerado e conscientizar ainda mais os 1600 habitantes na separação e entrega do lixo. Uma meta possível, não é mesmo?
Assim como esse exemplo de cidade inspiradora, pessoas ao redor do mundo estão criando projetos a fim de incentivarem não só os lugares onde vivem, mas toda a sociedade, principalmente por meio da internet.
Bea Johnson é uma francesa que mora na Califórnia (EUA) e, desde 2008, pratica o Zero Waste como estilo de vida. Seu blog Zero Waste Home virou best-seller e narra suas experiências diárias de combate ao desperdício, e de incentivo a reciclagem e reaproveitamento. Vencedora de uma série de prêmios mundiais, também presta consultorias e palestra ao redor do mundo sobre como é possível viver sem produzir resíduos.
Confira muitas inspirações em seu site.
Após assistir um documentário, a vida da empresária brasileira Fe Cortez mudou para sempre. O filme percorria várias cidades do planeta com a pergunta “para onde vai o seu lixo?”. Sua atitude diante da revolta proporcionada ao notar o quanto de lixo a humanidade produz foi iniciar o projeto Menos1Lixo, que além de comercializar copos retráteis, feitos com material reciclado, traz inúmeras dicas de sustentabilidade.
Saiba mais sobre o projeto no site.
De uma especialista em Estudos Ambientais no colégio para uma das maiores personalidades Zero Waste do mundo. A norte-americana Lauren Singer é a criadora do Trash is for Tossers, um projeto inspirado no trabalho de Bea Johnson, onde documenta sua jornada sem produzir nenhum tipo de lixo e traz tutoriais muito bacanas sobre reaproveitamento e consumo consciente.
Mais inspirações e dicas em seu site.
Uma inspiração leva a outra: enquanto Lauren se baseou no trabalho de Bea, a brasileira Cristal Muniz se espelhou em Lauren e criou o projeto Um ano sem lixo – uma brincadeira com o famoso projeto Um ano sem Zara, que aborda a questão do consumo consciente de moda. Cristal se desafiou a viver sem produzir resíduos e sua jornada foi tão satisfatória que hoje é referência no tema no Brasil e palestra em diversos locais sobre o tema.
Confira excelentes dicas em seu site.
E, então: o que você achou dessa iniciativa? Como você enxerga o lixo que produz? Pensa bem sobre aquilo que consome? Compartilhe suas experiências nos comentários e compartilhe esse conteúdo para inspirar mais pessoas.
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