Do empoderamento individual ao coletivo

Empoderamento é uma palavra que está na moda. Às vezes, é usada indiscriminadamente e de modo deturpado, o que a faz conquistar a implicância de alguns.

 

A verdade é que se trata de uma ideia que tem o potencial de transformar a sociedade. Para isso, é importante que todo mundo entenda o que empoderamento quer dizer e quais são as possibilidades que o conceito traz.

O que é empoderamento?

Diferentes fontes trazem definições ligeiramente distintas sobre o que é empoderamento. Entre elas, podemos destacar — por sua simplicidade — a definição do verbo empoderar que encontramos no site Significados:

 

“Empoderar é um verbo que se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem.”

 

Dicionários enfatizam que essa tomada de poder geralmente ocorre com a finalidade de promover mudanças de ordem social.

 

Essa observação é importante, porque empoderar não é adquirir poder pelo poder, para levar vantagem, colocar-se acima ou subjugar os demais.

 

Empoderamento é justamente quando integrantes de grupos mais vulneráveis e discriminados entendem que não precisam se curvar diante do poder dos outros nem de limitações impostas pela sociedade. O que o empoderado quer é apenas lutar pelos seus direitos.

Do indivíduo para a sociedade

Você reparou que falamos em duas possibilidades: do empoderamento individual e do coletivo? Eles podem ser independentes, mas os casos mais transformadores acontecem quando uma coisa leva a outra.

 

A pessoa se empodera, ajuda a empoderar seus semelhantes e isso culmina com a criação ou integração em um grupo que defende a mesma bandeira.

E aí acontece a mágica da colaboração, de que tanto falamos aqui no blog. Porque empoderar a si mesmo é ótimo, mas só ajuda a resolver o próprio problema.

 

Além da luta pelos direitos, o empoderamento está relacionado com a ideia do “vai lá e faz”. De não esperar que os outros façam o que é possível realizar por conta própria.

 

E aí vale a mesma lógica: o empoderamento é mais transformador quando parte do individual para o coletivo. No tópico seguinte, vamos dar um exemplo.

Plano de ação

Para que você consiga visualizar melhor como acontece o empoderamento individual e como ele pode levar ao empoderamento coletivo, vamos imaginar um processo com três fases.

Fase 1: tomada de consciência

O indivíduo se dá conta do problema. Pode ser por uma experiência pessoal, por ver determinada notícia, por conta de um papo que teve com um amigo ou até pela leitura deste texto.

 

O ponto de partida é a pessoa se dar conta que tem a capacidade de fazer alguma coisa para mudar a realidade que lhe parece injusta.

Fase 2: refletir

É uma fase de reflexão, de fazer perguntas, de tentar entender qual é a origem do problema.

Fase 3: conversar

É hora de começar a conversar com outras pessoas que passam (ou enxergam) pelo mesmo problema. A fase 3 não marca o fim da fase 2. Na verdade a reflexão deve continuar, só que em diálogos em vez de monólogos.

 

É nessa fase que o indivíduo junta-se a um grupo de pessoas que têm o mesmo interesse. Ou então começa a mobilizá-las para criar um.

 

A reflexão segue em grupos, com a grande vantagem da diversidade cognitiva: mesmo que tenham os mesmos interesses, as pessoas têm maneiras distintas de processar a informação, o que lhes permite enxergar o problema por diversos ângulos.

empoderamento fase 3
Converse sobre empoderamento com pessoas que têm o mesmo interesse.

Fase 4: colocar em prática

Em algum momento vai chegar a hora de parar de refletir sobre a realidade e bolar um plano. O grupo se mobiliza para propor e executar ações de defesa de seus interesses.

 

Fazer isso colaborativamente é muito mais eficaz, pois dá força aos mais inibidos, que teriam dificuldade para colocar seus pensamentos em prática sozinhos.

Exemplo

Vamos usar um exemplo bem simples de como o empoderamento pode surgir em uma comunidade a partir de um indivíduo e levar — passando pelas quatro fases — um grupo a colocar as ideias em prática.

 

Imagine que um bairro periférico de uma grande cidade possua um parque público, daqueles com brinquedos para as crianças. Seria um lugar perfeito para levar o cachorro para passear, tomar um chimarrão e, é claro, brincar com os filhos.

 

Seria, mas o parque sofre com a falta de manutenção. A grama se transforma em capim, as lixeiras e bancos estão quebrados, os brinquedos enferrujados, etc. O que pode ser feito?

 

Fase 1: um morador do bairro fica incomodado com a situação e começa a pensar no que pode fazer para transformá-la.

 

Fase 2: ele reflete que qualquer parque fica deteriorado com o tempo. Para que siga em boas condições, o local precisa ser bem cuidado e receber manutenção periódica.

 

Fase 3: o mesmo morador começa a conversar com vizinhos sobre seus pensamentos. Ele fica sabendo que reclamações já foram direcionadas ao poder público, mas nada foi feito. Então começa a mobilizar mais pessoas para discutir como a própria comunidade pode ajudar a revitalizar o parque.

 

Fase 4: o grupo pode levar um abaixo assinado à prefeitura, fazendo pressão para que o parque seja reformado e melhor cuidado.

 

Tão importante quanto a revitalização seria fazer um bom aproveitamento do local, mantendo-o constantemente ocupado — talvez até com eventos —, evitando o abandono. Mas esse é outro assunto, sobre o qual também já falamos aqui no blog.

 

 

Não queremos comparar um parque mal cuidado com problemas como racismo, misoginia, homofobia e outras formas graves de discriminação.

 

O exemplo é apenas para que você perceba que sempre é possível se empoderar, unir-se e colaborar para melhorar o status quo.

 

Tem mais exemplos de empoderamento ou dicas de como se empoderar no dia a dia? Deixe um comentário abaixo.

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