Quando há um lugar abandonado na sua cidade, muita gente pensa apenas em evitá-lo. É como se aquela área deixasse de existir. Até o dia que alguém compra o terreno, derruba o que ainda está em pé e construa algo novo no lugar.
Quantas vezes você viu esse roteiro acontecendo perto de onde você mora? E o resultado muitas vezes é a construção de uma torre espelhada de imóveis corporativos.
Nada contra, o problema é que, não raro, acaba-se perdendo uma grande oportunidade de criar um lugar de convivência para população. Iniciativas que tornam as cidades mais humanas e melhoram a qualidade de vida nesses locais.
No texto sobre a ressignificação do espaço público abordamos essa questão e citamos o High Line — um parque construído em uma antiga ferrovia elevada em Nova York — como um dos exemplos em que o conceito foi aplicado.
A ideia da sua criação e o modo como ela foi executada são tão legais e tão exemplares que o High Line merece um texto à parte.
A ilha de Manhattan, na cidade de Nova York, é a área com a maior densidade demográfica nos Estados Unidos. Com prédios de todos os tamanhos, de ponta a ponta, é a verdadeira selva de pedras — exceto pelo Central Park, um oásis verde no meio da ilha de concreto.
Nos últimos anos, porém, o poder público promoveu várias alterações na paisagem urbana de Manhattan. Com simples mudanças no mobiliário urbano — em iniciativas como a “pedestrização” da Times Square —, a cidade tem se tornado mais humana, com mais espaço para ciclistas e pedestres e menos para carros.
Certamente a criação do High Line contribuiu bastante para essa mudança de mentalidade.
O local fica em uma linha férrea que passa por cima de ruas e avenidas e entre prédios no bairro de Chelsea. A partir de sua desativação, em 1980, a ferrovia passou a se degradar e servir como área de prostituição e tráfico e consumo de drogas.
Até que Joshua David e Robert Hammond, moradores da vizinhança, perceberam ali um potencial muito grande e criaram a organização sem fins lucrativos Friends of the High Line, em 1999.
A instituição passou a promover campanhas para a preservação da antiga linha férrea e transformação em um espaço público, aberto, convidativo a toda a população. Em 2003, foi criada uma competição que recebeu 720 ideias de como a ferrovia poderia ser utilizada, o que contribuiu para dar visibilidade à causa.
Em 2004, o então prefeito Michael Bloomberg engajou-se na causa e, junto com o conselho da cidade (City Council, órgão equivalente à nossa Câmara de Vereadores), tomou medidas para facilitar o uso do High Line como um parque público.
Em 2005, a empresa CSX Transportation, proprietária da ferrovia, doou a estrutura à cidade de Nova York e, em 2009, o primeiro trecho do parque foi aberto ao público. O projeto foi desenvolvido por três empresas de arquitetura e design.
Desde então, outros trechos da ferrovia foram abertos ao público. Hoje, o parque High Line percorre 19 quadras, totalizando 2,3 quilômetros. É como se fosse um calçadão suspenso, com design moderno, bancos, lixeiras, gramados e mais de 500 espécies de plantas e árvores.
Em um ponto, os visitantes têm uma bela vista do Rio Hudson. É um passeio imperdível, tanto que se tornou uma das principais atrações turísticas da cidade que está entre as mais visitadas no mundo.
A manutenção, operação e gestão da agenda do local são feitas pela Friends of the High Line, em parceria com o Departamento de Parques e Recreação de Nova York. Na programação do parque estão atrações e performances artísticas dos mais variados tipos, abertas a todos e sempre com o engajamento da comunidade local.
Hoje, o High Line é, sem dúvida alguma, um ícone do urbanismo contemporâneo, que inspira iniciativas no mundo todo. Quer fazer um passeio virtual pelo parque? Navegue abaixo pelas imagens do Google Street View e imagine como seria percorrer a antiga via férrea pegando um sol e apreciando um bom chimarrão.
Acorda, toma café da manhã, faz seu ritual de higiene, pega o carro, vai para o trabalho e, terminado o expediente, pega o carro novamente, volta para casa e descansa. Se quiser fazer um exercício, usa a academia do condomínio.
Essa é a rotina de muita gente, que acaba passando muito tempo no trânsito e pouco tempo aproveitando o ar livre. Você acha que isso é saudável?
Não é segredo para ninguém que sair para caminhar, encontrar outras pessoas e ter contato com o verde é uma receita infalível contra o estresse e, consequentemente, em benefício da saúde.
A mudança nesse estilo de vida passa pela existência de espaços públicos de qualidade. O que não é responsabilidade exclusiva do poder público. A Friends of the High Line, por exemplo, foi criada por dois membros da sociedade civil, sem cargos na administração municipal de Nova York.
Quer transformar a sua cidade? Então pense no que você mesmo pode fazer para alcançar esse propósito. Um bom ponto de partida é a leitura deste artigo sobre empoderamento coletivo, em que mostramos como criar um plano de ação e promover transformações positivas.
Você já conhecia o High Line? O que achou? Caso tenha alguma dúvida sobre o assunto, deixe um comentário abaixo. Não esqueça de compartilhar o conteúdo com seus amigos nas redes sociais 🙂
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Muito bom pesquisar sobre destinos de NY e encontrar este postblog. 🙂