“Organismos que vivem em associação com outros, dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência”.
Você já deve ter ouvido falar no conceito de parasitismo, provavelmente aplicado ao contexto biológico. Doenças infecciosas, infestações. Sim, todas elas são causadas por algum parasita. Mas, vamos tentar ir além: vamos pensar em um outro significado.
Na arquitetura, diferente da biologia, elementos parasitas podem ter uma importância significativa no cenário das cidades, principalmente no que tange à sustentabilidade, reapropriação, inovação e, claro, criatividade. Diferente do senso comum, o parasita não prejudica seu hospedeiro, pelo contrário: apropria-se do seu melhor, ressignifica e transforma.
Parece confuso ou distante demais? Saiba que a arquitetura parasita vem ganhando o mundo e demonstra-se como uma boa alternativa para as grandes cidades. Para entender melhor, vamos por partes! 😉
Construções que se apegam ou brotam a partir de outras. Estruturas que se penduram ou se apoiam em prédios já existentes. Que dependem totalmente de elementos já construídos, já estabelecidos. Isso é o que podemos chamar de arquitetura parasita. Aproveitar espaços já existentes é uma das principais motivações dessa iniciativa, mas não se esgota por aí. A arquitetura parasita também tem outras intenções:
Esse último tópico, nos liga à ideia dos arquitetos holandeses Merel Pit, Karel Steller e Gerjan Streng, estudiosos do parasitismo arquitetônico. Um artigo publicado pelo trio afirma que a presença de um corpo estranho gera desconforto e tem um potencial enorme de transformação. É quando pensamos na cidade enquanto um corpo vivo.
Considerar a cidade como um organismo vivo e em mutação é imaginar sistemas físicos e mentais como parte dela. Imagine o seguinte: o sistema físico é a cidade em si, sua infraestrutura, e o sistema mental envolve as expectativas que as pessoas colocam sobre essa infraestrutura. Sobre isso, estão todos os comportamentos que os cidadãos esperam uns dos outros: não invadir o espaço alheio, não bloquear o espaço da calçada, entre outros.
Em cima desses sistemas, podemos considerar uma certa “imunidade”, que seriam todas as barreiras que impedem as ações dos moradores em cima de regras estabelecidas. Ações que podem ser sutis ou agressivas. A arquitetura parasita surge como um elemento provocador dessa sociedade imune. Só o fato de gerar incômodo para algumas pessoas, já é uma forma de agir.
Diferente da biologia, o dano do parasita sobre o hospedeiro, nesse caso, é quase inexistente. A não ser o olhar torto daqueles não suportam a mudança e a criatividade. A arquitetura parasita nunca é feita sem projeção, sem planejamento ou de improviso. Pelo contrário, em toda e qualquer intervenção, um estudo aprofundado sobre impacto é realizado e levado bastante a sério – diferindo do famoso “puxadinho”.
Seja para provocar debates sobre urbanismo, seja para baratear a construção civil e o aluguel de prédios, seja para dar nova vida a regiões descuidadas, a arquitetura parasita está ganhando espaço em grandes cidades ao redor do mundo e gerando inúmeras reflexões. Entre projetos concluídos ou apenas em fase de planejamento, selecionamos os mais marcantes.
Esse foi, sem dúvida, o caso de arquitetura parasita com maior repercussão. Fernando Abellanas, designer espanhol, resolveu montar seu escritório em um lugar um tanto inusitado: embaixo de um viaduto na cidade de Valência. O estúdio, construído com base de metal e madeira, foi montado como uma tentativa de evitar visitas desnecessárias e se sentir criança novamente.
Muitos comentários surgiram a partir de seu projeto, como a falta de espaço acessível na cidade, reapropriação de espaços públicos e a economia em construções. Mas, Abellanas garante que essa não foi sua intenção inicial. Mesmo assim, não podemos deixar de achar inspirador, não é mesmo? Se quiser saber mais sobre o projeto, clique aqui.
Um caso bem interessante de ressignificação de uma construção icônica é um projeto criado para a Torre CN, em Toronto – uma proposta conceitual. Com 553m de altura e concluída em 1975, estrutura foi, por 32 anos, a construção mais alta do mundo – título roubado em 2007 pelo arranha-céu Burj Khalifa, em Dubai.
A ideia do projeto é reinventar o local como símbolo de engenharia e progresso local, instalando unidades de apartamento do tipo cluster, cubos de madeira pré-fabricados ao longo de toda a torre. Assim, as funções existentes e bem-sucedidas do edifício se mantém e um novo condomínio abre possibilidades de investimento no local. Que achou do projeto? Clique aqui para ver mais detalhes.
Quando um arquiteto e um artista se unem, a construção e a reflexão podem ganhar outros patamares. É o caso do manifesto Destiny, projetado e executado por Mark Reigelman e Jenny Chapman em uma localização incomum de São Francisco. Ao lado da estrutura do Hotel des Arts, os profissionais instalaram uma espécie de casa de pássaros – em maior proporção.
A ideia é demonstrar os direitos da exploração urbana e o desafio de encontrar um território, ou um lugar para morar, enfrentado por uma parcela da população. As luzes visíveis nas janelas, dão a impressão de que sempre há alguém em casa. A intenção é provocar, é fazer pensar sobre novas possibilidades de construir em espaços subaproveitados da cidade. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.
Pessoas sem-teto são 13 vezes mais propensas a serem vítimas de crimes violentos do que o público em geral. Essa é uma estatística de Londres (UK), mas que tem tudo a ver com nossa realidade brasileira. Movido por esses e outros dados, o designer James Furzer criou um projeto de crowdfunding para a criação de casas para desabrigados. A ideia é criar espaços modulares que se encaixam em edifícios existentes.
O projeto foi lançado em 2015 e ainda não alcançou os fundos necessários para a execução. A intenção é que os abrigos temporários sejam geridos por instituições de caridade, que elaborariam horários de reserva, termos de uso e realizariam a manutenção das estruturas. Saiba mais sobre o projeto aqui.
As grandes cidades do mundo já não tem espaço para seus moradores. Onde abrigar tanta gente em locais que já passaram do limite da capacidade de expansão? Paris encontrou uma solução.
O projeto 3BOX consiste em moradias construídas como anexos nos telhados de prédios já existentes. Os proprietários cedem a cobertura para a construção desses anexos e, em troca, são realizadas reformas na construção. Além disso, essas estruturas podem ser vendidas a uma valor 40% menor do que moradias tradicionais – já que não há custos com loteamento. Quer saber mais sobre o projeto? Clique aqui.
E então, o que achou dessa tendência? Já conhecia, acredita que possa ser uma boa solução para as grandes cidades? Compartilhe sua percepção nos comentários! 😀
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Gostei desta iniciativa, tem um cunho humanista. Parabéns pela divulgação destes trabalhos!