{"id":49564,"date":"2017-10-02T11:00:08","date_gmt":"2017-10-02T14:00:08","guid":{"rendered":"https:\/\/wikihaus.com.br\/2020\/?p=49564"},"modified":"2017-10-02T11:00:08","modified_gmt":"2017-10-02T14:00:08","slug":"arquitetura-parasita-ocupacao-criatividade-e-transformacao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/wikihaus.com.br\/arquitetura-parasita-ocupacao-criatividade-e-transformacao\/","title":{"rendered":"Arquitetura parasita: ocupa\u00e7\u00e3o, criatividade e transforma\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"
\u201cOrganismos que vivem em associa\u00e7\u00e3o com outros, dos quais retiram os meios para a sua sobreviv\u00eancia\u201d.<\/em><\/p>\n <\/p>\n Voc\u00ea j\u00e1 deve ter ouvido falar no conceito de parasitismo, provavelmente aplicado ao contexto biol\u00f3gico. Doen\u00e7as infecciosas, infesta\u00e7\u00f5es. Sim, todas elas s\u00e3o causadas por algum parasita. Mas, vamos tentar ir al\u00e9m: vamos pensar em um outro significado.<\/p>\n <\/p>\n Na arquitetura, diferente da biologia, elementos parasitas podem ter uma import\u00e2ncia significativa no cen\u00e1rio das cidades, principalmente no que tange \u00e0 sustentabilidade, reapropria\u00e7\u00e3o, inova\u00e7\u00e3o e, claro, criatividade. Diferente do senso comum, o parasita n\u00e3o prejudica seu hospedeiro, pelo contr\u00e1rio: apropria-se do seu melhor, ressignifica e transforma.<\/p>\n <\/p>\n Parece confuso ou distante demais? Saiba que a arquitetura parasita<\/strong> vem ganhando o mundo e demonstra-se como uma boa alternativa para as grandes cidades. Para entender melhor, vamos por partes! 😉<\/p>\n <\/p>\n Constru\u00e7\u00f5es que se apegam ou brotam a partir de outras. Estruturas que se penduram ou se apoiam em pr\u00e9dios j\u00e1 existentes. Que dependem totalmente de elementos j\u00e1 constru\u00eddos, j\u00e1 estabelecidos. Isso \u00e9 o que podemos chamar de arquitetura parasita. Aproveitar espa\u00e7os j\u00e1 existentes \u00e9 uma das principais motiva\u00e7\u00f5es dessa iniciativa, mas n\u00e3o se esgota por a\u00ed. A arquitetura parasita tamb\u00e9m tem outras inten\u00e7\u00f5es:<\/p>\n <\/p>\n Esse \u00faltimo t\u00f3pico, nos liga \u00e0 ideia dos arquitetos holandeses Merel Pit, Karel Steller e Gerjan Streng, estudiosos do parasitismo arquitet\u00f4nico. Um artigo publicado pelo trio<\/a> afirma que a presen\u00e7a de um corpo estranho gera desconforto e tem um potencial enorme de transforma\u00e7\u00e3o. \u00c9 quando pensamos na cidade enquanto um corpo vivo.<\/p>\n <\/p>\n Considerar a cidade como um organismo vivo e em muta\u00e7\u00e3o \u00e9 imaginar sistemas f\u00edsicos e mentais como parte dela. Imagine o seguinte: o sistema f\u00edsico \u00e9 a cidade em si, sua infraestrutura, e o sistema mental envolve as expectativas que as pessoas colocam sobre essa infraestrutura. Sobre isso, est\u00e3o todos os comportamentos que os cidad\u00e3os esperam uns dos outros: n\u00e3o invadir o espa\u00e7o alheio, n\u00e3o bloquear o espa\u00e7o da cal\u00e7ada, entre outros. <\/p>\n <\/p>\n Em cima desses sistemas, podemos considerar uma certa “imunidade”, que seriam todas as barreiras que impedem as a\u00e7\u00f5es dos moradores em cima de regras estabelecidas. A\u00e7\u00f5es que podem ser sutis ou agressivas. A arquitetura parasita surge como um elemento provocador dessa sociedade imune. S\u00f3 o fato de gerar inc\u00f4modo para algumas pessoas, j\u00e1 \u00e9 uma forma de agir. <\/p>\n Diferente da biologia, o dano do parasita sobre o hospedeiro, nesse caso, \u00e9 quase inexistente. A n\u00e3o ser o olhar torto daqueles n\u00e3o suportam a mudan\u00e7a e a criatividade. A arquitetura parasita nunca \u00e9 feita sem proje\u00e7\u00e3o, sem planejamento ou de improviso. Pelo contr\u00e1rio, em toda e qualquer interven\u00e7\u00e3o, um estudo aprofundado sobre impacto \u00e9 realizado e levado bastante a s\u00e9rio – diferindo do famoso \u201cpuxadinho\u201d. <\/p>\n <\/p>\n Seja para provocar debates sobre urbanismo, seja para baratear a constru\u00e7\u00e3o civil e o aluguel de pr\u00e9dios, seja para dar nova vida a regi\u00f5es descuidadas, a arquitetura parasita est\u00e1 ganhando espa\u00e7o em grandes cidades ao redor do mundo e gerando in\u00fameras reflex\u00f5es. Entre projetos conclu\u00eddos ou apenas em fase de planejamento, selecionamos os mais marcantes.<\/p>\n <\/p>\n Esse foi, sem d\u00favida, o caso de arquitetura parasita com maior repercuss\u00e3o. Fernando Abellanas, designer espanhol, resolveu montar seu escrit\u00f3rio em um lugar um tanto inusitado: embaixo de um viaduto na cidade de Val\u00eancia. O est\u00fadio, constru\u00eddo com base de metal e madeira, foi montado como uma tentativa de evitar visitas desnecess\u00e1rias e se sentir crian\u00e7a novamente. <\/p>\n <\/p>\n Muitos coment\u00e1rios surgiram a partir de seu projeto, como a falta de espa\u00e7o acess\u00edvel na cidade, reapropria\u00e7\u00e3o de espa\u00e7os p\u00fablicos e a economia em constru\u00e7\u00f5es. Mas, Abellanas garante que essa n\u00e3o foi sua inten\u00e7\u00e3o inicial. Mesmo assim, n\u00e3o podemos deixar de achar inspirador, n\u00e3o \u00e9 mesmo? Se quiser saber mais sobre o projeto, clique aqui<\/a>.<\/p>\n <\/p>\n Um caso bem interessante de ressignifica\u00e7\u00e3o de uma constru\u00e7\u00e3o ic\u00f4nica \u00e9 um projeto criado para a Torre CN, em Toronto – uma proposta conceitual. Com 553m de altura e conclu\u00edda em 1975, estrutura foi, por 32 anos, a constru\u00e7\u00e3o mais alta do mundo – t\u00edtulo roubado em 2007 pelo arranha-c\u00e9u Burj Khalifa, em Dubai. <\/p>\n <\/p>\n A ideia do projeto \u00e9 reinventar o local como s\u00edmbolo de engenharia e progresso local, instalando unidades de apartamento do tipo cluster, cubos de madeira pr\u00e9-fabricados ao longo de toda a torre. Assim, as fun\u00e7\u00f5es existentes e bem-sucedidas do edif\u00edcio se mant\u00e9m e um novo condom\u00ednio abre possibilidades de investimento no local. Que achou do projeto? Clique aqui<\/a> para ver mais detalhes.<\/p>\n <\/p>\n Quando um arquiteto e um artista se unem, a constru\u00e7\u00e3o e a reflex\u00e3o podem ganhar outros patamares. \u00c9 o caso do manifesto Destiny, projetado e executado por Mark Reigelman e Jenny Chapman em uma localiza\u00e7\u00e3o incomum de S\u00e3o Francisco. Ao lado da estrutura do Hotel des Arts, os profissionais instalaram uma esp\u00e9cie de casa de p\u00e1ssaros – em maior propor\u00e7\u00e3o.<\/p>\n <\/p>\n A ideia \u00e9 demonstrar os direitos da explora\u00e7\u00e3o urbana e o desafio de encontrar um territ\u00f3rio, ou um lugar para morar, enfrentado por uma parcela da popula\u00e7\u00e3o. As luzes vis\u00edveis nas janelas, d\u00e3o a impress\u00e3o de que sempre h\u00e1 algu\u00e9m em casa. A inten\u00e7\u00e3o \u00e9 provocar, \u00e9 fazer pensar sobre novas possibilidades de construir em espa\u00e7os subaproveitados da cidade. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui<\/a>.<\/p>\n <\/p>\n Pessoas sem-teto s\u00e3o 13 vezes mais propensas a serem v\u00edtimas de crimes violentos do que o p\u00fablico em geral. Essa \u00e9 uma estat\u00edstica de Londres (UK), mas que tem tudo a ver com nossa realidade brasileira. Movido por esses e outros dados, o designer James Furzer criou um projeto de crowdfunding para a cria\u00e7\u00e3o de casas para desabrigados. A ideia \u00e9 criar espa\u00e7os modulares que se encaixam em edif\u00edcios existentes. <\/p>\n <\/p>\n O projeto foi lan\u00e7ado em 2015 e ainda n\u00e3o alcan\u00e7ou os fundos necess\u00e1rios para a execu\u00e7\u00e3o. A inten\u00e7\u00e3o \u00e9 que os abrigos tempor\u00e1rios sejam geridos por institui\u00e7\u00f5es de caridade, que elaborariam hor\u00e1rios de reserva, termos de uso e realizariam a manuten\u00e7\u00e3o das estruturas. Saiba mais sobre o projeto aqui<\/a>.<\/p>\n <\/p>\n As grandes cidades do mundo j\u00e1 n\u00e3o tem espa\u00e7o para seus moradores. Onde abrigar tanta gente em locais que j\u00e1 passaram do limite da capacidade de expans\u00e3o? Paris encontrou uma solu\u00e7\u00e3o. <\/p>\n <\/p>\n O projeto 3BOX consiste em moradias constru\u00eddas como anexos nos telhados de pr\u00e9dios j\u00e1 existentes. Os propriet\u00e1rios cedem a cobertura para a constru\u00e7\u00e3o desses anexos e, em troca, s\u00e3o realizadas reformas na constru\u00e7\u00e3o. Al\u00e9m disso, essas estruturas podem ser vendidas a uma valor 40% menor do que moradias tradicionais – j\u00e1 que n\u00e3o h\u00e1 custos com loteamento. Quer saber mais sobre o projeto? Clique aqui<\/a>.<\/p>\n <\/p>\n E ent\u00e3o, o que achou dessa tend\u00eancia? J\u00e1 conhecia, acredita que possa ser uma boa solu\u00e7\u00e3o para as grandes cidades? Compartilhe sua percep\u00e7\u00e3o nos coment\u00e1rios! 😀<\/strong><\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" \u201cOrganismos que vivem em associa\u00e7\u00e3o com outros, dos quais retiram os meios para a sua sobreviv\u00eancia\u201d. Voc\u00ea j\u00e1 deve […]<\/p>\n","protected":false},"author":16,"featured_media":49553,"comment_status":"open","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"footnotes":""},"categories":[239,242],"tags":[290,346,470],"acf":[],"yoast_head":"\nO que \u00e9 a arquitetura parasita?<\/h2>\n
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\n <\/p>\nA cidade enquanto organismo vivo<\/h2>\n
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\n <\/p>\nArquitetura parasita pelo mundo: alguns exemplos<\/h2>\n
Miniescrit\u00f3rio – Val\u00eancia, Espanha<\/h3>\n
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\n <\/p>\nCN Tower – Toronto, Canad\u00e1<\/h3>\n
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\n <\/p>\nManifest Destiny! – S\u00e3o Francisco, Calif\u00f3rnia<\/h3>\n
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\n <\/p>\nCasas para os sem-teto – Londres, Inglaterra<\/h3>\n
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\n <\/p>\n3BOX – Paris, Fran\u00e7a<\/h3>\n
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