DEFINIÇÃO DE NEGÓCIO NA CONSTRUÇÃO CIVIL E O IMPACTO NA ANÁLISE FINANCEIRA

Apresentado por: royal

Existem inúmeros indicadores financeiros e econômicos que nos permitem ler as empresas e entender as suas situações atuais ou históricas. Qualquer um deles, ou todos eles, conseguem auxiliar gestores a tomarem decisões e direcionarem melhor as ações do plano estratégico. Nenhuma novidade até aqui.

 

Porém, a maneira como é estruturado o Demonstrativo ou o próprio Plano de Contas pode proporcionar visões completamente diferentes. Na construção civil, especificamente, a questão a ser interpretada é: o negócio da empresa é administrar obras ou ser sócia dos empreendimentos? Ou os dois?

 

A estrutura da empresa com certeza será completamente diferente dependendo da interpretação acima.

 

DEFINIÇÃO DE ESTRUTURA

 

Lembrando que importantes indicadores financeiros são consequência da estrutura do Plano de Contas criado dentro do Demonstrativo de Resultado, que de modo geral segue esses grandes totalizadores:

 

DEMONSTRATIVO DE RESULTADO
Receita Bruta
Deduções sobre a Receita
(=) Receita Líquida
Custos
(=) Lucro Bruto
Despesas
(=) Lucro Operacional
Resultado Não Operacional
Resultado Financeiro
Depreciação e Amortizações
(=) Lucro antes de IR CSLL
(=) Lucro Líquido

 

O Plano de Contas é a distribuição das contas dentro das grandes rubricas – exemplo, a Receita Bruta conta com o subgrupo de contas “Administração de Empreendimentos” e “Prêmio de Performance”.

 

DEFINIÇÃO DE NEGÓCIO

 

O financeiro deve ser uma consequência da leitura da empresa e não apenas um resumo de entradas e saídas – nessa lógica, o negócio vai definir a estrutura de contas.

 

Caso a atuação dela considerar “Ter participações em outros negócios”, a composição da operação deve ser voltada para isso também. Neste caso, existe uma área de “gestão do patrimônio?”; São feitos investimentos em outros empreendimentos ou empresas?; Existe uma estrutura de holding na área de controladoria?

 

Entendendo que não existe nada disso, a empresa em análise abrange o seu limite de atuação (negócio) como sendo “Administradora de empreendimentos imobiliários”. Isso não impede que ao mesmo tempo essa empresa tenha participação em SPE’s dela mesma, ou em qualquer outro empreendimento. A diferença é justamente na leitura dessa informação – esse tipo de receita aparecerá dentro da conta de “Receitas Não Operacionais”, e não dentro de “Receita Bruta”.

 

FATOR DO DIA SEGUINTE

 

O fator prático dessa análise consiste que os resultados dos empreendimentos podem estar maquiando o resultado final. Um dos exemplos é o cálculo do EBITDA – que compreende basicamente o resultado da empresa em relação a sua operação. A estrutura da empresa é construída para trabalhar em prol da sua operação, e o EBITDA tem o objetivo de fazer exatamente essa proporcionalidade (Lucro Operacional/Receita Bruta).

 

A reflexão que fica é a seguinte: A empresa consegue ter um EBITDA relevante (ou até mesmo positivo) sem ter participação em outros empreendimentos?

 

Essa é uma das respostas que direciona toda estrutura de despesas e custos. Por definição, qualquer empresa/pessoa pode ser investidora em empreendimentos.

 

Se o EBITDA do negócio não é relevante se desconsiderar as receitas provenientes da sociedade nos empreendimentos, não seria mais fácil o sócio dessa empresa simplesmente investir como pessoa física nessas SPE’s? Precisaria, por exemplo, de toda essa estrutura de pessoas para ter um bom retorno sobre o capital investido dentro desses empreendimentos imobiliários?

 

Certamente seria mais efetivo investir nesses empreendimentos sem incorporar todo o risco da empresa, tendo um retorno semelhante. Afinal, neste caso está sendo entendido que as receitas originárias exclusivamente da “Administração de Empreendimentos” e “Prêmio de Performance” (que fazem parte da operação) apenas pagam a estrutura da empresa, sem deixar lucros.

 

EFICIENTE EM ADMINISTRAR EMPREENDIMENTOS

 

As empresas desse segmento precisam considerar na sua análise financeira a incorporação desses fatores qualitativos. A leitura dos indicadores não deve ser um resumo de receitas e despesas, desconsiderando qualquer discussão em torno do negócio.

 

O questionamento que fica, portanto, é o quão eficiente as empresas conseguem ser dentro do seu limite de negócio – entendendo, principalmente, as implicâncias que essa definição possui.

 

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